Chegar até aqui foi muito difícil, uma vez que a ideia de realizar este projeto já estava no papel em 2002, mas, sem patrocínio, sua realização foi sendo adiada.

Agora a situação não foi muito diferente, nenhum apoio financeiro, mas, como a razão principal é comemorar os meus 30 anos de alpinismo, resolvi vir para os Alpes de qualquer maneira, com recursos das palestras que realizo para as empresas, as quais agradeço imensamente por este “patrocínio indireto”, especialmente a ENEVA, que neste ano já me contratou seis vezes.

Também fiquei muito feliz com o apoio da AUDI, com o empréstimo de um Q7, simplesmente um carro maravilhoso, tração integral e dirigibilidade impecável. Parceira fechada apenas uma semana antes da partida do Brasil e que me deixou bastante aliviado, permitindo que o dinheiro que seria usado para alugar um carro (para quatro meses e meio), fosse destinado para as demais despesas, sempre caras quando se paga tudo em euros ou francos suíços.

Também gostaria de registrar meus agradecimentos a ANSILTA, um dos melhores fabricantes de roupa de montanha do mundo, que ao saber do projeto me mandou um enxoval novo completo, lá de San Juan, Argentina.

O início da viagem foi bastante cansativo: ao chegar na Itália deixei a bagagem em nossa base que está em Aosta, fiz palestra no Clube Alpino Italiano em Crema, fui de avião até Munique para receber o impressionante Q7 na fábrica da AUDI em Ingolstadt, e regressei dirigindo para Aosta, a melhor parte deste início, pois dirigir um Q7 é como pilotar um avião, é tudo automático, silencioso, confortável, o carro faz tudo para você!

E já que estava tudo pronto, lá fui eu para as montanhas, afinal quando se trata de escalar 82 picos com mais de Quatro Mil metros, não se pode perder tempo, tenho apenas 120 dias!

Escolhi começar pela parte ocidental do maciço do Monte Rosa que não conhecia, como a temporada ainda não tinha começado oficialmente, tive que subir a pé desde Cervinia (2.000m) até o Refugio Guide del Cervino (3.450m), pois o teleférico ainda não estava funcionando, bom para se aclimatar ao ar rarefeito.

Comecei o desafio escalando todos os picos do grupo Breithorn: Breithorn Central, Breithorn Ocidental, Roccia Nera, Gendarme e Breithorn Oriental. Pernoitei num pequeno bivaque a 3.700m, para no dia seguinte escalar o Polucce, Castore e o Lyskamm Ocidental e Oriental, realizando uma das mais famosas e lindas travessias alpinas.

Fiquei impressionado com o calor nas montanhas depois do meio dia, o que deixa a escalada perigosa e cansativa, principalmente porque estou sozinho, algo que não esperava. Infelizmente um dos amigos que estaria comigo teve falecimento na família, outro um grave acidente de moto, e outro não conseguiu juntar dinheiro suficiente para vir. Meus amigos italianos são guias de montanha, e agora, em plena temporada, estão cheios de trabalho. Assim vou continuar escalando em solitário, mas sempre na expectativa de dividir o prazer de desfrutar os Alpes com alguém que tenha disponibilidade.

Muito bom ver as dificuldades superadas! Agora é olhar para a frente e continuar sonhando com muita fé em colocar a bandeira do Brasil no alto de todas as maiores montanhas dos Alpes, nove já foram escaladas, faltam 73!

Veja vídeo da travessia dos Lyskamm https://youtu.be/SRWEoQjfQWU

Conto com a sua torcida! Em breve novidades!

Super abraço!