País: Itália, fronteira com a França.

Escalada em: 19 de agosto de 1991 e 22 de agosto de 2011.

Junto com: em solitário.

Rota percorrida: Via Col du Midi/Tacul/Maudit (1991) e Crista Kuffner (2011).

Dificuldade: PD pouco difícil (via Col Du Midi) / D, difícil, IV, 50º, 800m (via Crista Kuffner).

Tempo estimado: 2 dias.

Época adequada: julho e agosto.

Acesso: por estrada, ida até Courmayeur (Itália) ou Chamonix (França).

Aproximação: De Courmayeur (1.224m), ir de carro até La Palud, de onde um teleférico leva até o Refugio Torino (3.375m). De Chamonix (1.030m), pegar teleférico até Aiguille Du Midi, de onde facilmente, em 30 minutos, se chega ao Refugio Cosmiques (3.613m).

Equipamento necessário: completo de alta montanha, botas duplas, grampões, piolet e corda.

A Escalada:

Fiz duas vezes a escalada do Mont Maudit, sempre tendo como ponto de partida o Refugio Torino (Itália). Veja no link “Mont Blanc” detalhes da escalada via Col du Midi.

Via Crista Kuffner:

Parti do Refugio Torino (3.375m) às 21 horas, seguindo tranquilo pelo Glaciar do Gigante, passando entre a Tour Round e o Gran Capucin, para logo enfrentar uma parede de gelo duro de uns 150m, 45º/50º, que me levou até o alto do Col de La Fourche (3.682m), aonde cheguei exatamente à meia noite.

Logo à esquerda do Col de la Fourche existe o Bivaco Alberico e Borgna, um pequeno refugio para 14 pessoas que nem cheguei a ver, pois nesse exato momento fiquei deslumbrado com a lua minguante que estava nascendo, aparecendo no horizonte como um gigantesco queijo pela metade.

Como estava sozinho, fiz a minha escalada com o máximo de cuidado, sem nenhuma pressa, me concentrando em cada lance, desfrutando da beleza de uma noite calma e da prazerosa crista.

A Cresta Kuffner alterna trechos de escalada em rocha e neve, superando lances de até IV e inclinação de no máximo 50º. Como toda crista, possui muitos lances expostos, mas nenhum que seja realmente perigoso. Os trechos mais verticais de rocha acabei contornando pela esquerda, para logo montar a crista novamente.

Fui seguindo vestígios de antigas ascensões, buscando riscos de grampões pelas pedras, alguma pegada sobre a neve, um ou outro píton ou fita (realmente poucos). Mas sobretudo seguindo o meu instinto, procurando sempre o caminho mais lógico.

Cheguei ao cume pontiagudo e rochoso do Mont Maudit (4.465m) às 5h20, ainda à noite, e notei vários alpinistas com suas lanternas seguindo já acima do Colo de la Brenva, rumo ao cume do Mont Blanc.

Desci então até o Colo de la Brenva (4.303m), para logo contemplar um amanhecer maravilhoso, então retomei a subida rumo ao alto do Mont Blanc (4.807m), aonde cheguei às 8 da manhã.

A Descida:

A descida pode ser feita facilmente pela Rota Normal francesa, através do Dome du Goûter (4.304m), até a Aiguille Du Gouter (3.817m) que se atinge em cerca de duas horas. Por este caminho deve-se continuar a descida por mais três horas até Nid d’Aigle (2.386m), de onde um trem cremalheira te deixa em Bellevue (1.790m), e depois um teleférico te deixa em Les Houches, de onde é possível pegar um ônibus e voltar para Chamonix.

Esta opção é interessante para conhecer a subida do Mont Blanc pelo Goûter, mas é muito cansativa devido ao trecho do Refugio Goûter até Nid d’Aigle ter se tornado um deserto de pedras desolador, devido a retração do glaciar, em razão do aquecimento global. Em 2011 fiquei extremamente desapontado ao descer pelo Goûter, pois em 1991, quando estive ali a primeira vez, a paisagem era completamente diferente, muito mais bonita.

 Minha sugestão é que se faça a descida em direção ao Col du Midi, tendo a atenção de voltar até a Aiguille du Midi antes das 17 horas (hora do último teleférico para Chamonix).