A Cordilheira dos Andes

Por Waldemar Niclevicz

Explorar a Cordilheira dos Andes, atualmente ou há séculos atrás, é como realizar uma descoberta que abre a alma ao universo. A maior cadeia de montanhas das Américas alcança dimensões planetárias, não apenas por seus dramáticos acidentes naturais, mas também pelas obras humanas, formando um mundo imponente, que merece o mesmo respeito que a grandeza de suas montanhas. Na Cordilheira dos Andes se uniram a grandiosidade da natureza e a grandiosidade das culturas.

Entre algumas das montanhas mais altas da Terra, surgiram cidades que parecem terem sido construídas por gigantes, cujas ruínas guardam o mistério de sua origem. Nos Andes ainda ressoa a voz mais funda da terra, que fala com severidade dos velhos deuses através de seus vulcões. Um lugar onde voa em perpétua solidão o magnífico condor, as árvores têm raízes mais profundas e até o coração do homem é maior, para poder viver com o ar rarefeito das montanhas.

Rios e lagos de águas puríssimas refletem o céu andino, e em suas margens ainda se agrupam povos que foram grandes entre tanta grandeza.

Nos Andes se desenvolveram civilizações muito avançadas, como a Chavin e a Chimu, que em alguns aspectos superavam o nível de conhecimento dos europeus quando estes chegaram a América. Tais culturas antigas construíram misteriosas cidades, como Tiwanaku, que impressionam o visitante com a majestade de seus templos, palácios e pirâmides.

A mais notável de todas as civilizações foi a dos Incas, que se consolidou no século XIII na região de Cusco, no Peru. Na época de seu maior desenvolvimento, pouco antes do desembarque dos espanhóis na América, o Império Inca compreendia desde o sul do que é hoje a Colômbia até o centro do Chile, e contava com mais de dez milhões de habitantes. Desse glorioso passado restam impressionantes ruínas, como as de Machu Picchu, que parecem ainda hoje esconder muitos segredos.

A grande coluna vertebral da América, onde a terra parece se encontrar com o céu, está cheia de passagens estreitas e escarpadas, que se estendem entre as abruptas montanhas.

Recorrer as vias de comunicação que o homem abriu entre os Andes é como começar a viver um livro de aventuras. Existem estradas de ferro que se dependuram pelas encostas das montanhas e que ultrapassam as maiores altitudes encontradas na Europa Ocidental, superando os 4.800 metros de altitude. O mesmo acontece com as rodovias, que são poucas e geralmente precárias. Há regiões, no entanto, aonde modernos meios de transporte ainda não chegaram, obrigando o homem andino a recorrer grandes distâncias a pé, por caminhos que já eram utilizados por seus antepassados há séculos.

Devido às rigorosas condições climáticas que imperam no sul dos Andes - que fazem praticamente impossível os assentamentos humanos em algumas regiões - a população das montanhas se fixou no norte, nas zonas mais próximas a Linha do Equador, onde o homem se estabeleceu mediante o desenvolvimento de uma agricultura adaptada a uma atmosfera pobre em oxigênio, aos fortes raios ultravioletas e a intensidade do frio, tudo isso característico das elevadas altitudes.

Tanto o homem como os animais tiveram que vencer muitos obstáculos para viver nos Andes, o principal deles é a escassez do oxigênio. Os quechuas (legítimos descendentes dos Incas) possuem o coração de maior tamanho que um ser humano normal, o qual lhe permite oxigenar plenamente seu organismo graças a uma circulação sanguínea mais abundante.

As plantas e os animais andinos, por sua vez, desenvolveram seus próprios recursos de adaptação, também muito eficientes. As ichus (um capim que se encontra praticamente em toda a cordilheira) são típicas da vegetação andina, e contam com fortes raízes que lhes permitem absorver a pouca água do solo, bem como se fixar fortemente para resistir a força dos ventos.

A fauna típica dos Andes esta representada pela lhama, a alpaca, o guanaco e a vicunha, mamíferos pertencentes a família do camelo. Os dois primeiros eram já muito úteis aos homens andinos, como animais de carga e provedores de carne e lã, desde os tempos dos Incas. Estes animais são de uma grande resistência física, no Peru e na Bolívia, as lhamas do altiplano vivem em altitudes superiores a 4.000 metros. Encontram-se hoje grandes rebanhos de lhamas e alpacas, que são facilmente domesticáveis. Já a vicunha corre o perigo de extinção, é um animal arisco que vem sendo perseguido pelos caçadores devido a qualidade de sua lã, uma das melhores do mundo.

Pelo céu dos Andes voam aves dos mais diversos tamanhos, desde colibris até altivos condores. As menores se adaptaram a quase ausência de árvores e vivem no solo, às vezes em pequenas trepadeiras ou debaixo de pedras. Algumas convivem em grupos muito unidos, para conservar o escasso calor. Na maioria são de corpo compacto e pequeno, mas o condor chega a medir até três metros com as asas abertas, o que o deixa em condições de voar enormes distâncias e ascender a alturas de mais de 6.000 metros de altitude.

A imponência do condor, a misteriosa Machu Picchu, as montanhas escarpadas com suas neves eternas, são apenas alguns dos símbolos da essência da Cordilheira dos Andes, onde a natureza e o próprio homem parecem compartilhar com orgulho o que nasceu para perdurar.

Compreender, desvendar os seus mistérios e revelar ao mundo a essência da Cordilheira dos Andes é o desafio de Waldemar Niclevicz e do seu Projeto Mundo Andino, cuja maior missão é:

Difundir a necessidade de um desenvolvimento sustentável
entre o homem e o meio ambiente nas montanhas da Cordilheira dos Andes.

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