Já estou de volta ao meu Amado Brasil, após uma das mais belas experiências que já tive em meus trinta anos de alpinismo! Os Alpes colocaram a prova toda a minha capacidade, trazendo-me novos ensinamentos e ainda maior respeito às montanhas que tanto me fascinam com a sua beleza e, ao mesmo tempo, tanto me desafiam com a sua imponência!

Confesso que voltei para casa bastante frustrado, após lutar um mês e meio com uma infecção que me obrigou a interromper a belíssima maratona de escaladas pelos 82 Quatro Mil alpinos. Vou relembrar o que aconteceu nos parágrafos seguintes.

Tive um pequeno acidente no dia 30 de julho, enquanto escalava a Nadelgrat (travessia de quatro escarpados picos), na Suíça: minha perna afundou repentinamente em um buraco na neve e a panturrilha foi perfurada pelo grampão da outra perna.

Parecia algo simples, mesmo assim fui resgatado de helicóptero da montanha e levado até o hospital da cidade de Visp, Suíça. Após cirurgia o ferimento foi fechado com um ponto.

O problema foi que o ferimento infeccionou, passei a tomar antibióticos e a ter acompanhamento constante de médicos na Itália, meu país alpino preferido. Depois de duas semanas tentei voltar às escaladas (escalei duas montanhas), mas a infecção, que já estava melhor, piorou.

Esperei mais duas semanas – realmente estava bem melhor –  e voltei a escalar (escalei mais seis montanhas), e o problema então piorou bastante, a infecção (celulite infecciosa) que era superficial, passou para o músculo da panturrilha, sendo diagnosticada como “grave” e com uma expectativa de cura de três a quatro meses.

Extremamente frustrado, comecei a “desmontar nosso acampamento-base”, que era na cidade de Aosta e, após alguns dias dedicados a me despedir de vários amigos que estiveram apoiando o projeto, fui até Ingolstadt, Alemanha, devolver o Q7, patrocinado pela AUDI, que tanto foi útil e que proporcionou uma satisfação ainda maior à minha experiência alpina, um belo carro que deixará saudades!

Uma pena tudo isso! Em 30 dias já havia escalado 29 montanhas, e ainda, mesmo machucado, mais 8. Ao total foram superados 37, faltando portanto 45.

Escalar todas as 82 montanhas dos Alpes com mais de quatro mil metros de altitude (ainda nenhum extra europeu conseguiu superar este desafio), foi a forma que escolhi para comemorar meus 30 anos dedicados a levar a bandeira do Brasil ao topo das maiores montanhas do mundo. Mas, se não foi possível, espero que minha recuperação seja rápida, que logo eu retome meus treinamentos, pois quero voltar aos Alpes ano que vem e finalizar este belo projeto.

Deixo algumas fotos da última escalada (realizada no dia 28 de agosto), quando foram superadas as Aiguilles du Diable, um imponente conjunto de cinco torres (duas delas escalamos no escuro). Quando a lua cheia foi se aninhando sobre o Mont Blanc e o sol surgindo sobre as Grandes Jorasses, virei para o meu amigo Alê Silva e disse: “Se não fosse o problema na minha perna, neste momento eu seria o homem mais feliz do mundo”.

Que as dificuldades nos fortaleçam, e que nenhum obstáculo nos faça desistir dos nossos sonhos!

Faltam apenas oito meses para voltarmos aos Alpes!

Que a Luz sempre esteja em nosso caminho!

Super abraço

Waldemar Niclevicz