Escalada em: 30 de dezembro de 2008.

Junto com: em solitário.

Rota percorrida: Normal.

Dificuldade: PD, pouco difícil.

Tempo estimado: 3 a 4 dias.

Época adequada: dezembro e janeiro.

Acesso: de Puebla, de carro ou ônibus, até a cidade de Tlachichuca.

Aproximação: de Tlachichuca, em duas horas de carro 4×4 até o Refúgio Piedra Grande (4.200m).

Equipamento necessário: básico de alta montanha, botas semi-rígidas, indispensável o uso de grampões e piolet.

A Escalada:

Para escalar o Orizaba é preciso ir até a cidade de Tlachichuca, de lá existe um serviço de transporte em carro 4×4, que após 2 horas por uma estrada esburacada e com muita poeira, te deixa no Refúgio Piedra Grande, a 4.200m. O refúgio é espaçoso, para umas 30 pessoas, mas bem simples, sem repartições e sem água (é preciso levar água desde Tlachichuca). Eu preferi montar uma barraca ao lado do refúgio, para evitar ser acordado pelo movimento daqueles que partem de madrugada, mas mesmo assim acabei não dormindo muito bem, pois um vento forte balançou a barraca a noite inteira.

Após a primeira noite a 4.200m, fui até a borda do glaciar, que está a 5.000m, visando aprimorar a adaptação do meu organismo ao ar rarefeito. Levei três horas para tocar o gelo, caminhando bem tranquilo por pedras soltas, lajes de rocha, e no final, por alguns corredores empinados que tinham um gelo duro no fundo.

Enquanto a minha frente se empunha o cone final do maior vulcão do México, abaixo um mar de nuvens escuras e um vento gelado prenunciavam uma tempestade, impulsionando-me a continuar até o cume, pois cheguei a temer que o tempo ficasse ruim no dia seguinte. Mas me contive, não estava bem aclimatado e resolvi seguir o plano original, voltando para a minha barraca. Na metade da descida encontrei o meu amigo mexicano Hector Ponce de Leon, que estava subindo com seus 12 clientes ingleses, todos em um passo lento de tartaruga. Eles iriam acampar nas bordas do glaciar, de onde fariam o ataque final de madrugada.

Na próxima noite, também parti de madrugada, lá dos 4.200m, às 2h30. Em razão de já ter reconhecido o caminho, fui subindo rápido, como que tentando fugir do vento gelado. Quando cheguei aos corredores com gelo percebi que o Hector havia fixado cerca de 200m de cordas para os seus clientes. Ainda estava escuro, ali coloquei os grampões e continuei em bom ritmo. Na metade do glaciar o sol começou a nascer, mas, como eu estava no lado oeste da montanha, vi apenas a sombra do vulcão me encobrir e se lançar sobre o altiplano mexicano. Felizmente o dia estava lindo, tempo ótimo!

Ainda de noite tinha ultrapassado dois grupos de alpinistas, mas nem imaginava que ao chegar ao cume, às 8h41, eu seria a primeira pessoa do dia a pisar os 5.636m de altitude da Montanha das Estrelas, tradução para Citlaltepetl (nome nativo do Orizaba). Fiquei contemplando o belo panorama, agradecendo a Deus por mais aquele belo momento da minha vida! Logo chegou um grupo de tchecos, depois um de americanos.

O uso de grampões sob o solado das botas é indispensável, e também é importante ir encordado, pois em caso de queda a encosta vira um longo tobogã e a queda pode ser fatal. Na verdade esse é o único perigo, tanto que depois da metade de fevereiro o Orizaba raramente é escalado, pois o vento fica tão forte que transforma toda a encosta da montanha em uma rampa de gelo bem duro, onde escorregar passa a ser muito fácil e perigoso.