Escalada em: 11 de dezembro de 1996.

Junto com: o americano Dave Hahn.

Rota percorrida: Normal.

Dificuldade: PD, pouco difícil.

Tempo estimado: duas a três semanas.

Época adequada: dezembro a fevereiro.

Acesso: da cidade de Punta Arenas, avião até a base de Patriot Hills.

Aproximação: da base de Patriot Hills, avião até o acampamento-base.

Equipamento necessário: completo de alta montanha, especial atenção ao frio.

A Escalada:

O Vinson está situado na imponente cadeia Ellsworth, a 960 km do Pólo Sul. A partida para a Antártida é feita de Punta Arenas, Chile.

Os três mil quilômetros até a base de Patriot Hills, ponto de partida para a escalada, são vencidos em sete horas de vôo com um Hércules. Outro avião, um Twin Otter, deixa os alpinistas no acampamento-base.

Observar a grandiosidade da Antártida, um continente ainda bastante desconhecido pelo homem, bem como toda a solidariedade entre os membros das bases antárticas, foi o mais gratificante durante esta etapa do projeto Sete Cumes.

Esperei seis dias em Punta Arenas, para que o vento se acalmasse e assim fosse possível o vôo até a base de Patriot Hills. A espera me deixou ainda mais ansioso para conhecer o “deserto gelado”.

Foi emocionante descer pela rampa de carga do Hércules e ser envolvido pelo frio e pelo vento antártico, enquanto meus pés, desajeitados, tentavam equilibrar meu corpo sobre um gelo tão liso como a superfície de um vidro.

Tive que esperar pelo bom tempo outros oito dias, antes de seguir para o Vinson. A espera foi providencial, assim pude conhecer como era a vida em uma base antártica e realizar inúmeras amizades. Para não perder meu condicionamento físico, escalei por três vezes as “Patriot Hills”, elevações que alcançam os 1.246m, com cerca de 300m de desnível em relação ao acampamento.

Um avião Twin Otter levou uma hora desde Patriot Hills até a base do Vinson, foi um vôo tenso, pois ninguém estava em nosso destino para informar as condições do tempo e o piloto nunca havia voado até lá. Nuvens encobriam parcialmente as montanhas, mas conseguimos pousar. O silêncio era absoluto naquelas encostas brancas, nem um sopro de vento, temperatura agradável ao sol (cerca de quinze graus negativos); um contraste violento com a base de Patriot Hills.

Fiz a escalada do Vinson com o americano Dave Hahn e nossa maior dificuldade foi enfrentar o frio e o vento. A escalada tornou-se interessante porque fomos os primeiros da temporada a enfrentar a montanha, onde não havia sequer um vestígio da passagem de outro homem.

De nosso acampamento-base, a 2.340m, partimos em estilo alpino rumo ao cume. O próximo acampamento foi montando a 3.000m e o último a 3.800m, de onde fizemos o ataque final. A rota apresenta apenas um trecho ameaçador, antes de chegar ao último acampamento, devido a um grande número de gretas, as grandes rachaduras que se encontram no gelo. Eu acabei caindo dentro de duas gretas, o Dave em uma.

Cheguei aos 4.897m do Vinson no dia 11 de dezembro de 1996. Sob os trinta e três graus abaixo de zero eu estava extremamente emocionado. Não era a mais alta montanha do mundo, nem a mais difícil, mas era a primeira vez que um brasileiro estava lá.