Escalada em: 16 de abril de 2022.

Junto com: Vinícius Todero.

Rota percorrida: Normal, Corredor Whymper.

Dificuldade: “D”, difícil, até 55º em neve e misto. Via sobre neve vertical e longos trechos sem possibilidade de proteção, necessário saber progredir com confiança em trechos expostos.

Ponto de apoio: Refuge du Couvercle (2.687m).

Desnível: 1.400m do refúgio, 600m as dificuldades.

Tempo estimado: dois a três dias.

Época adequada: primavera (abril, maio) e início do verão (junho); devido ao aquecimento global a rota se encontra impraticável em pleno verão.

Acesso / Aproximação: desde Chamonix, seguir de trem cremalheira até Montenvers (1.900m). Descer até o Mer de Glace de teleférico ou pela via ferrata. Seguir pelo glaciar a princípio pelo lado direito, logo ao centro, e já perto da confluência com o Glaciar Leschaux, atravessar completamente para à esquerda, procurando encontrar um grande quadrado branco pintado no paredão de rocha, que marca o início das escadas verticais que levam ao refúgio. A ferrata é bem vertical e exposta, seguir com muito cuidado, recomendável se encordar ou pelo menos usar cadeirinha com duas altos longas. Ao final da ferrata seguir a trilha bem marcada até o refúgio. Total de 3 a 5 horas de caminhada desde Montenvers, o tempo depende da quantidade de neve encontrada na ferrata, que pode ser abundante na primavera, neste caso vale a pena ir com esquis, mas se o glaciar estiver “seco”, raquetes de neve ou apenas as botas são suficientes.

Equipamento necessário: completo de alta montanha, duas cordas de 60m, 4 friends (pequenos e médios), dois grampos de gelo, 8 costuras longas, cordeletes para montar paradas, grampões, dois piolets por pessoa.

Escalada:

A escalada foi feita em abril, praticamente no inverno, no final da primavera pode ser impossível atravessar a rimaya que antecede o Corredor Whymper, pois ela fica muito aberta e gigantesca. Com sorte se consegue atravessar a rimaya até final de junho.

Muito importante sair do Refúgio du Couvercle por volta da meia noite, no mais tardar à uma da madrugada, pois logo ao amanhecer a face sul da montanha, por onde transcorre a rota, é aquecida pelo sol facilitando a queda de pedras.

Às 24h15 partimos do refúgio, com lua cheia! Levamos três horas até a base do corredor Whymper. Atacamos a rimaya pela direita, logo seguimos para cima, mas tendo cuidado de ir ganhando aos poucos os corredores mais à esquerda, até chegar no Whymper propriamente dito, que é gigantesco, inconfundível. Ficar atento pois se subir muito pelos corredores secundários, vai acabar indo para as encostas elevadas do Grande Rocheuse.

Uma vez no Corredor Whymper é só tocar para cima, superando alguns saltos verticais, o mais inclinado deles é o que antecede o colo do Grande Rocheuse, aonde chegamos às 6h30, com o dia prestes a amanhecer. Seguimos então por mais meia hora pela exposta crista até o cume da Aiguille Verte. Lindíssimo amanhecer, após uma escalada realmente prazerosa graças a lua cheia!

Havíamos estado na dianteira durante toda a subida, mas logo que chegamos ao cume várias cordadas nos alcançaram, talvez umas dez, pois era feriado de Páscoa. Enquanto elas rapidamente tocavam o cume e desciam, voltamos ao colo que está no alto do Corredor Whymper e de lá fomos ao cume do Grande Rocheuse.

Descida: Importante estar rapelando o Corredor Whymper antes das dez horas da manhã, para evitar o risco de ser atingido por quedas de pedras ou por avalanches, principalmente na travessia pelos corredores secundários na parte baixa da parede. São cerca de 14 rapeis de 60 metros cada um. Existem paradas por todos os lados, evitar as menores, as melhores (com várias fitas e cordeletes) são as que de fato estão no caminho certo, e praticamente a cada 60 metros. Depois de descer cerca de 1/3 da parede, ir rapelando caindo ligeiramente para à direita, mantendo esta linha se chega sem problemas ao “corredor secundário” que nos leva ao ponto mais baixo do corredor acima da rimaya, que pode ser saltada com um rapel das paradas que estão na rocha do lado direito (isso olhando para cima).