Esta expedição percorreu de ponta a ponta a Cordilheira de Apolobamba, uma das regiões menos exploradas e das mais extraordinárias de toda a Cordilheira dos Andes, encravada entre as imediações do Lago Titicaca e os vales úmidos da Selva Amazônica.

Os resultados foram significativos em vários aspectos, primeiro pelo acordo de pesquisa firmado entre o Projeto Mundo Andino e os alunos e professores da Universidade Positivo (Curitiba / Brasil) e a Universidade Mayor de San Andrés (La Paz / Bolívia). Segundo pelas montanhas, e que belas montanhas!!!

Caminhamos, segundo os dados do GPS, “205 Km”, isso quer dizer bastante, uma vez que subidas e descidas não faltaram em todo o trajeto. Ao total foram ultrapassados exatamente 10 “passos” ou “abras” (colos), com uma altitude média de 4.800m, sendo que quatro deles superaram os 5.000m de altitude.

Podemos dizer que escalamos três montanhas, se contarmos o Cololo (5.915m), onde nos faltou pouco mais de 30 metros para chegar ao cume, devido à instabilidade do gelo, risco de acidentes.

Sempre me chamou a atenção o mar de nuvens que estava a leste, cobrindo a Floresta Amazônica, era lindo ver as nuvens em forma de neblina invadindo os vales e tentando galgar, sem sucesso, as alturas dos Andes, onde o sol forte e o céu azul imperaram o tempo todo.

Um ponto realmente impressionante foi a quantidade de minas que se espalham de norte a sul nos 80 km de extensão de Apolobamba, vimos cinco delas, onde trabalham de 20 a 40 homens, na de Sunchulli o número de mineiros superam os 80 homens, que de picareta e dinamite cavam buracos de 10 a 20 metros de profundidade em busca de ouro, e isso faz tempo, deste a época dos Incas, passando pelos espanhóis até os nossos dias. Não conseguem muito, com sorte 1 a 2 quilos de ouro por mês, que é dividido entre dezenas de sócios e dezenas de famílias.

A quantidade de lhamas e alpacas também me surpreendeu, existe uma grande população desses animais pelas montanhas, principalmente na Reserva Nacional de Ulla Ulla (do lado do altiplano), onde também se encontram algumas vicunhas e poucos guanacos. A lã desses animais ainda é uma importante fonte de renda para aqueles que não se deixaram seduzir pela febre do ouro.

Vale comentar que o turismo na região ainda é muito pouco desenvolvido, uma pena, já que o potencial turístico de Apolobamba é imenso, levando em consideração que o turismo será sempre uma das mais apropriadas formas de desenvolvimento sustentável.

Existe um terceiro e último muito especial motivo para a expedição ter sido um sucesso, a presença do guia de montanha Alain Mesili, então com 56 anos de vida, mais de 30 anos de experiência entre os Andes da Bolívia, excelente companheiro e alpinista, profundo amante e conhecedor do Mundo Andino, de seus problemas e de suas possíveis soluções.

Posso dizer, devido ao caráter selvagem de Apolobamba, que a expedição teve um caráter exploratório tanto para mim quanto para o Alain, “descobrimos” duas rotas novas de trekking, realizamos uma “conquista” (rota nova) na parede sul do Cololo, e uma das poucas ascensões já realizadas com sucesso até hoje no Chaupi Orco.

Clique na montanha escalada para mais detalhes:

Chaupi Orco (6.044m)

Kantantica Central (5.610m)