Desde a sua interrupção, no final de 2004, não deixei de apresentar para empresas o Mundo Andino. Em 2012 me dediquei ainda mais para conseguir patrocínio para esse que é o meu maior sonho como projeto, porém sem nenhum resultado positivo, mesmo assim decidi retomar a sua execução com a Expedição Topo das Américas, graças aos recursos arrecadados nas palestras que faço para as empresas.

A Expedição Topo das Américas começou no dia 16 de dezembro de 2012, teve 45 dias de duração, percorreu 10.545 km, sendo 3.100 km por estradas de terra, areia, barro e neve, quando o paulista Pedro Hauck, a mato-grossense Silvia Bonora e eu desbravamos uma das mais áridas, inóspitas e lindas regiões de montanha do mundo, o norte dos Andes Centrais, entre a Argentina e o Chile.

O resultado foram dez montanhas escaladas em quarenta dias, desafio que só foi superado devido a um rigoroso planejamento do itinerário e a capacidade de deslocamento que nos proporcionou a “Andina”, uma pick up 4×4 que foi cuidadosamente preparada para enfrentar as piores condições, chegou a 5.280m de altitude, enfrentou 18 graus negativos, e jamais nos deixou na mão.

Infelizmente optei em não ir com o caminhão Andino, em razão de nosso orçamento apertado, equipe reduzida, mas também porque enfrentaríamos muitos trechos delicados fora de estrada. O ideal seria ir com o Andino e a Andina, assim teríamos mais autonomia, conforto e segurança.

Deixamos o Brasil por Foz do Iguaçu, cruzamos o Chaco Argentino até Província de Salta, e já em nossa terceira noite de viagem dormimos a 3.770m de altitude, em Santo Antônio de Los Cobres, lugar que escolhemos para começar a adaptar o nosso organismo ao ar rarefeito, com a escalada do Vulcão Tuzgle (5.530m). Seguimos então para o Nevado de Cachi, onde passamos o Natal escalando o Libertador General San Martin (6.380m), o mais alto dos seus nove cumes.

Resolvido o problema com a aclimatação, descansamos um dia em Cafayate e seguimos rumo a Província de Catamarca, onde fizemos uma incrível travessia por estradas precárias que não existem em mapas, graças às referencias previamente instaladas em nosso GPS. Acompanhando o Salar de Antofalla, percorremos um total de 620 Km, chegando com a Andina até os 4.900m de altitude. Nessa travessia celebramos o Ano Novo em um lugar paradisíaco completamente inóspito e escalamos três vulcões: o Antofalla (6.440m), o El Peinado (5.871m) e o Incahuasi (6.621m).

Após nos reabastecer de combustível, água e comida em Fiambala (1.800m), voltamos a subir para a Puna de Catamarca onde escalamos o Vulcão Pissis (6.795m), a 3a maior montanha das Américas. Seguimos então rumo ao sul até a Província de San Juan, onde escalamos o Mercedário (6.720m), outro colosso dos Andes, a 8a maior montanha das Américas.

Entramos então no Chile pelo passo de Água Negra (4.700m), escalamos o Las Tórtolas (6.160m) e seguimos rumo ao norte até a cidade de Copiapó, para enfrentar o Ojos del Salado (6.893m) e o Tres Cruces (6.748m), respectivamente a 2a e a 5a maiores montanhas das Américas. Cada um desses gigantes andinos foram superados em apenas três dias, graças a nossa excelente adaptação do organismo à altitude, após mais de um mês na “puna” andina, e a nossa imensa vontade de galgar às suas alturas.

Regressando para a Argentina pelo passo San Francisco (4.700m), iniciamos nosso retorno ao Brasil extremamente felizes, mas com uma imensa vontade de estar seguindo rumo a uma nova montanha, para continuar se embevecendo de todo o fascínio que nos deixou essa incrível região do Mundo Andino, marcada pela amplidão de suas paisagens, pela fuga veloz de guanacos e vicunhas, mas acima de tudo pelo intrigante fato de muitas de suas montanhas terem sido escaladas há mais de 500 anos pela civilização Inca.

Clique na montanha escalada para mais detalhes:

Vulcão Tuzgle (5.530m)

Nevado de Cachi (6.380m)

Vulcão Antofalla (6.440m)

Vulcão El Peinado (5.871m)

Vulcão Incahuasi (6.621m)

Vulcão Pissis (6.795m)

Cerro Mercedário (6.720m)

Cerro Las Tórtolas (6.160m)

Vulcão Ojos del Salado (6.893m)

Vulcão Tres Cruces (6.748m)