Escalada em: 14 de abril de 2022.

Junto com: Vinícius Todero.

Rota percorrida: Normal, Esporão Oriental.

Dificuldade: “AD+”, relativamente difícil, III em rocha (M3 em condição de misto, neve e gelo), até 50º em neve.

Ponto de apoio: Refuge du Couvercle (2.687m).

Desnível: 1.300m do refúgio, 600m as dificuldades.

Tempo estimado: dois a três dias.

Época adequada: primavera (abril, maio) e início do verão (junho); devido ao aquecimento global a rota se encontra impraticável em pleno verão.

Acesso / Aproximação: desde Chamonix, seguir de trem cremalheira até Montenvers (1.900m). Descer até o Mer de Glace de teleférico ou pela via ferrata. Seguir pelo glaciar a princípio pelo lado direito, logo ao centro, e já perto da confluência com o Glaciar Leschaux, atravessar completamente para à esquerda, procurando encontrar um grande quadrado branco pintado no paredão de rocha, que marca o início das escadas verticais que levam ao refúgio. A ferrata é bem vertical e exposta, seguir com muito cuidado, recomendável se encordar ou pelo menos usar cadeirinha com duas altos longas. Ao final da ferrata seguir a trilha bem marcada até o refúgio. Total de 3 a 5 horas de caminhada desde Montenvers, o tempo depende da quantidade de neve encontrada na ferrata, que pode ser abundante na primavera, neste caso vale a pena ir com esquis, mas se o glaciar estiver “seco”, raquetes de neve ou apenas as botas são suficientes.

Equipamento necessário: completo de alta montanha, uma corda de 60m, 4 friends (pequenos e médios), dois grampos de gelo, 8 costuras longas, cordeletes para montar paradas, grampões, dois piolets por pessoa.

Escalada:

A escalada foi feita em abril, praticamente no inverno, pois nos últimos anos tem sido impossível atravessar a rimaya que antecede o Corredor Obliquo no verão devido a falta de neve, quando também é extremamente alto o risco de acidentes devido a quedas de pedras.

Muito importante sair do Refugio du Couvercle por volta da meia noite, no mais tardar à uma da madrugada, pois logo ao amanhecer a face sul da montanha, por onde transcorre a rota, é aquecida pelo sol facilitando a queda de rochas.

Apesar de ser uma “rota normal” a via é bastante completa, com a travessia de um glaciar bem gretado no início, trechos verticais, saltos de rocha, misto e uma crista bem exposta ao final, escalada reservada apenas para alpinistas experientes.

Leva-se cerca de duas a três horas até a base do Corredor Obliquo, um entalho bem na metade do Esporão Oriental (o terceiro esporão, o mais à direita ou o mais ao leste, observando-se a montanha desde o refúgio). Atravessar a sua rimaya pode ser mais fácil pela direita, ou até impossível com a chegada do verão. O corredor é bem uniforme, com 200 m de altura, com 45º e 50º de inclinação, e vai da esquerda para à direita, por isso é denominado “obliquo”. Com boa neve seguir pelo centro, com pouca neve subir pelas rochas à direita, até se atingir o fio do Esporão.

Depois a rota é bem intuitiva, vai ficando mais vertical, é preciso seguir a fio do amplo esporão por uns 200m, depois sair levemente pela sua direita, através de corredores de neve e saltos de rocha, por terreno misto, até a parte nevada na parte superior da montanha. Foi nesse trecho que enfrentamos a maior dificuldade. Devido ao excesso de neve nos afundamentos até o joelho, foi bem difícil abrir o caminho, mas ao chegar já perto do cume as condições melhoraram, passamos pelo “corredor escondido”, contornando uma grande torre de rocha pela direita, para logo atingirmos a afiada crista que se equilibra do outro lado com o abismo da face norte. Crista com gelo duro, delicada, e logo cume!

Descida:

A descida foi menos complicada do que eu pensava, mas deu trabalho, fomos rapelando quando possível, para isso improvisamos três paradas, e encontramos mais umas quatro paradas velhas. No corredor desescalamos tudo pois a neve ainda estava dura. Chegamos na base do corredor por volta das 14h30, e no refúgio às 16h30m.