Em 2018 Waldemar Niclevicz completou 30 anos dedicados em levar a Bandeira do Brasil ao alto das maiores montanhas do mundo – como o Everest, o K2 e os Sete Cumes – carreira iniciada com a escalada do Aconcágua, em fevereiro de 1988.

A ideia era comemorar este aniversário com mais um projeto inédito e desafiador: escalar em quatro meses todas as montanhas dos Alpes Europeus com mais de quatro mil metros de altitude, um total de 82, desafio superado por pouco mais de 50 pessoas até hoje.

Tudo estava indo muito bem, em 30 dias Niclevicz já havia escalado 29 “Quatro Mil”. Mas no dia 30 de julho, quando estava realizando uma travessia de várias montanhas na Suíça, sua perna esquerda afundou repentinamente na neve e teve a panturrilha perfurada pelo grampão da perna direita. Os grampões são uma espécie de sandália de aço com doze pontas afiadas, que se encaixa sob a bota para se andar sobre a neve dura ou se escalar no gelo.

Parecia ser um acidente simples, mesmo assim ele foi resgatado de helicóptero da montanha e levado até o hospital da cidade de Visp, onde o ferimento foi fechado com um ponto. O problema foi que logo o ferimento infeccionou, Niclevicz passou a tomar antibióticos e a ter acompanhamento médico em Aosta, Itália, cidade escolhida para a base do projeto.

Depois de duas semanas ele tentou retomar o projeto, escalando duas montanhas, mas a infecção que já estava melhor piorou. Esperou então mais duas semanas e voltou novamente a escalar, conquistando mais seis Quatro Mil, e o problema então piorou bastante, a infecção que era do tecido superficial da pele, passou para camadas mais profundas, ameaçando alcançar o músculo da panturrilha, sendo diagnosticada como “grave”.

Niclevicz retornou ao Brasil no dia 15 de setembro e começou a realizar uma série de exames. A equipe médica chegou a conclusão que deveria ser realizada cirurgia para “explorar” e coletar amostras, a qual foi realizada no dia 25 de setembro. Felizmente nenhuma bactéria ou fungo foi encontrado, a recuperação da cirurgia foi muito boa e o alpinista já retomou as suas atividades físicas.

O projeto “Quatro Mil dos Alpes” teve outros contratempos. O cinegrafista que iria acompanhar teve um falecimento na família apenas uma semana antes do início da viagem e desistiu. O principal companheiro de escaladas, na véspera da partida teve um acidente de moto e quebrou a clavícula.

“Mesmo com todas as dificuldades, inclusive financeiras, o projeto teve suas conquistas e ia muito bem até o acidente”, diz Niclevicz, que complementa: “Todo mundo sabe quanto é difícil realizar um grande sonho, ainda mais quando o desafio parece insuperável. Mas fui lá, e tenho a certeza que não consegui escalar todos os 82 Quatro Mil por pura infelicidade, em razão de um simples ferimento na panturrilha ter infeccionado”.

Mas o primeiro brasileiro a escalar a maior montanha do mundo não desanima, vai voltar para os Alpes em 2019, de meados de junho a meados de setembro, para completar o desafio que ainda não foi superado por nenhum extra europeu. Este ano foram escaladas 37 montanhas, faltam 45 a serem superadas.

A busca por parceiras para a finalização das escaladas dos Quatro Mil dos Alpes começou com boas notícias: em reunião no Salão do Automóvel com a Johannes Roscheck (Presidente) e Claudio Rawicz (Diretor de Marketing), a AUDI, única empresa a apoiar o projeto este ano, confirmou que estará novamente patrocinando o carro que dará apoio para as escaladas em 2019.

“Sinto meu ânimo se renovar com a continuação da parceria com a AUDI”, diz Niclevicz, que já marcou o dia 13 de junho de 2019 para a sua volta para os Alpes, na esperança de realizar o projeto como ele foi planejado desde o início, visando registrar em vídeo a beleza dos Alpes – berço do alpinismo –  bem como a paixão do homem em superar suas alturas, com o objetivo de produzir uma série para a televisão.

 MINICURRíCULO DE WALDEMAR NICLEVICZ

Exemplo de disciplina, determinação, amor à vida, ao esporte e ao Brasil, Waldemar Niclevicz enfrentou as montanhas mais desafiadoras do mundo, entre as quais o temível K2, tendo sido o primeiro brasileiro a escalar o Everest e a superar os Sete Cumes. Waldemar segue em plena atividade, em busca de novos desafios, e mantém vivo o seu sonho de continuar levando a bandeira do Brasil ao topo das maiores montanhas do mundo.